Ganho de peso após cirurgia bariátrica
A cirurgia bariátrica (também conhecida como cirurgia de redução do estômago) costuma cursar com importantes resultados na perda de peso e na qualidade de vida dos pacientes. No entanto, muitos pacientes estranham quando são alertados que, se não tomados os devidos cuidados, poderá haver importante ‘re-ganho’ de peso após a cirurgia. Isso ocorre porque a obesidade é uma doença crônica, que ainda não possui cura apesar dos grandes avanços da medicina atual.
O principal estudo científico sobre os resultados da cirurgia bariátrica em longo prazo é conhecido como SOS (Swedish Obese Study). O estudo SOS demonstrou que ao longo do tempo, os pacientes tendem a recuperar parte do peso perdido após a cirurgia.
Foi demonstrado que após 2 anos da cirurgia, ocorria a maior perda de peso, cerca de 70% do excesso de peso; após 5 anos da cirurgia, metade dos pacientes operados ganham 20% do peso perdido; após 10 anos da cirurgia, apenas um terço dos pacientes mantêm o peso perdido nos primeiros 2 anos.
Quando dizemos que a cirurgia teve sucesso?
Considera-se sucesso na cirurgia quando:
•Paciente perde 35 a 40% do peso total inicial após 2 anos da cirurgia ou
•Paciente perde 50% do excesso de peso em relação ao peso ideal após 2 anos da cirurgia
•Paciente perde 50% do excesso de peso em relação ao peso ideal após 2 anos da cirurgia
Quais fatores facilitam o ‘re-ganho’ de peso após a cirurgia?
1-Transtornos alimentares: compulsão alimentar, compulsão por doces, síndrome do comer noturno, dentre outros, são transtornos psicológicos que correspondem à principal causa de obesidade; após a cirurgia, se não devidamente diagnosticados e tratados, levam ao re-ganho de peso.
2-Baixa adesão ao acompanhamento clínico e nutricional: as reavaliações com o Endocrinologista e Nutricionista são fundamentais para se ajustar o tratamento dietético com as condições clínicas do paciente. A falta de proteína, por exemplo, leva à atrofia muscular, ganho de gordura e baixa resistência imunológica.
3-Baixa adesão à atividade física: quem se submete à cirurgia pensando que não haverá necessidade de mudar hábitos irá ficar decepcionado em pouco tempo. A falta de exercícios diminui a taxa metabólica, que é a capacidade de queimar gorduras. Exercícios regulares deverão ser realizados por toda a vida.
4-Má informação do paciente: entender que a cirurgia não é sozinha a solução mágica para a obesidade é muito importante. A falta de informação do paciente, falta de cooperação ou ainda a vergonha de retornar ao acompanhamento por estar ganhando peso novamente, faz com que muitos pacientes percam praticamente todo o resultado da cirurgia.
5-Modificações no organismo após a cirurgia: com o passar do tempo, o estômago e intestinos no paciente operado passam por algumas adaptações que permitem ao organismo absorver mais gorduras e açúcares; ocorre dilatação do estômago, diminuição da saciedade (pode ocorrer logo no sexto mês de operado), aumento das vilosidades intestinais (passam a absorver melhor alimentos calóricos).
Por Dr. Tarcísio Narcísio Silva – Médico Endocrinologista e Metabologista
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